Redação*
Elenilma Silvestre de Souza, conhecida como Pretinha, de 40 anos, faleceu no Hospital Geral do Estado (HGE) após dias internada em estado grave. Ela era filha de Maria Tereza da Paz, de 62 anos, a Dona Pureza, que tirou a própria vida em setembro deste ano, após deixar uma carta em que responsabilizava a Braskem pelo sofrimento que sentia.
“Cada vez que eu vejo os benefícios da Braskem, a minha desilusão aumenta. Estou cada vez mais depressiva em saber que vou ficar nesse isolamento para sempre”, dizia o bilhete.
A morte foi confirmada nesta quinta-feira (21) pelo Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB). De acordo com relatos, Pretinha foi encontrada agonizando em casa por uma sobrinha e levada ao hospital, mas acabou não resistindo. Segundo os vizinhos, Dona Pureza apresentava sintomas de depressão devido ao afundamento do solo na região.
Confira a nota na íntegra:
“É com profundo pesar que o MUVB – Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, comunica o falecimento de ELENILMA SILVESTRE DE SOUZA, filha de Dona Pureza, ocorrido após uma longa luta pela vida no HGE (Hospital Geral do Estado). Preta como era conhecida, sua mãe, e o gatinho de estimação ingeriram veneno em circunstâncias que ainda chocam a todos pela gravidade e pela denúncia que envolve a Braskem, apontada por Dona Pureza como responsável por esse trágico episódio.
Dona Pureza, uma das tantas vítimas do crime ambiental provocado pela Braskem, carrega um histórico de sofrimento e descaso institucional. A ligação entre as condições de vida impostas pela devastação de bairros inteiros em Maceió e o impacto na saúde mental das pessoas atingidas não pode ser ignorada. A precariedade, o desamparo e a ausência de reparação justa têm gerado cicatrizes profundas nas famílias que perderam tudo: suas casas, suas comunidades e, em muitos casos, sua dignidade.
Esse caso trágico evidencia, mais uma vez, a urgência de uma responsabilização concreta e efetiva da Braskem, tanto pelos danos ambientais quanto pelas consequências humanas que continuam a se desdobrar. É inadmissível que os atingidos sigam sofrendo, física e emocionalmente, sem que medidas sejam tomadas para oferecer suporte integral e imediato.
A morte de Pretinha não pode ser apenas mais um número em uma estatística. Deve ser um grito por justiça, uma convocação para que a sociedade, o poder público e a imprensa não fiquem em silêncio diante de tamanha violência social.
Nossos sentimentos à Dona Pureza e a todos os atingidos. Que este caso mobilize a todos para exigir que nenhuma outra vida seja perdida em decorrência desse descaso.”