Redação*
A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga 35 prefeituras de 13 estados brasileiros, incluindo Alagoas, sobre possíveis irregularidades e fraudes no sistema educacional, mais precisamente através da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Segundo a investigação, as gestões municipais inflavam o número de estudantes para receber mais dinheiro. Segundo a CGU, o prejuízo com essa fraude passou de R$ 66 milhões. Pessoas que nem moravam nas cidades ou já estavam até mortas constavam em listas e relatório levantados. O esquema foi revelado pelo Fantástico, da Rede Globo.
Por exemplo, Girau do Ponciano, no Agreste alagoano, tem 36 mil pessoas. Em 2022, segundo o relatório da CGU, mais de 12 mil estavam matriculados na EJA. Isso é 35% da população. Esse é o terceiro maior número de alunos nessa modalidade de ensino no país, perdendo apenas para capitais São Paulo e Rio de Janeiro, que possuem milhões de habitantes.
De acordo com o relatório, estima-se que existam mais de 3 mil alunos fantasmas em Girau do Ponciano: pessoas matriculadas na cidade e em outros locais ao mesmo tempo e pessoas mortas sem nenhuma falta, com notas e aprovação.
O prefeito de Girau é Bebeto Barros (PP), que era vice na gestão passada, quando foi feita a lista. Segundo a CGU, a cidade teria recebido de forma indevida R$ 18,5 milhões. Procurado, o prefeito não atendeu a reportagem. Em nota, a prefeitura disse que vai abrir uma investigação interna para apurar eventuais irregularidades.
Ainda em Alagoas, na cidade de Olho d’Água Grande, o município informou ao Ministério da Educação (MEC) que 106 alunos se matricularam na EJA em uma pequena escola no povoado de Gravatá, mas moradores afirmam que o número nunca passou de 30.
A lista de alunos incluía pessoas falecidas, como o filho de José, Cícero, que morreu em um acidente de moto em 2022, e não morava na cidade. A prefeita é Suzy Higino (PP), que também não estava na prefeitura. A coordenadora pedagógica Claudirene Cordeiro explicou que todos os alunos matriculados na EJA regular também fizeram a EJA profissionalizante.
No entanto, a CGU constatou que a cidade não conseguiu comprovar a realização dos cursos e recebeu indevidamente mais de 3 milhões de reais de verba pública. A prefeitura justificou que os cursos não foram realizados devido à chuva e encaminhou fotos dizendo que foram realizados no ano seguinte.