Moradores do bairro Antares, em Maceió, têm enfrentado transtornos causados pela obra que promete ligar as avenidas Durval de Góes Monteiro e Menino Marcelo, executada pela Construtora Paulista SA.
A obra, que já havia gerado revolta entre os moradores desde o anúncio da desapropriação de 40 casas, agora apresenta novos problemas. Há relatos de danos estruturais, abandono por parte da prefeitura e da empresa responsável, além da falta de assistência às famílias afetadas, segundo denúncias da comunidade.
Em outubro de 2024, a Folha de Alagoas publicou uma matéria sobre a resistência da comunidade frente às desapropriações forçadas. A prefeitura alegou que a obra era necessária para melhorar a mobilidade urbana da região, mas os moradores afirmam que não foram ouvidos nem receberam alternativas adequadas.
Nesta segunda (2), o dono de uma das residências procurou a equipe de reportagem para expor a situação atual de sua casa, que teria sido diretamente impactada pelos trabalhos da construtora. Segundo ele, a utilização de bate-estacas, equipamentos usados para fincar estacas no solo, causou deslocamento das telhas e infiltrações severas na estrutura.
“Minha casa alagou. Começou a infiltrar por todo lugar. Mostrei tudo, eles viram o teto empossado. Disseram que iam mandar alguém pra resolver, mas já faz duas semanas e ninguém apareceu”, relata o morador.
Além dos problemas no telhado, ele denuncia que seu portão foi danificado pela trepidação das máquinas e não abre totalmente. Ele afirma estar dormindo com o portão escorado, já que não consegue mais fechar a entrada da casa.
“Desde sexta-feira que o portão cedeu. Só abre trinta centímetros. Estou me apertando pra conseguir entrar. Já comuniquei, e nada. Ninguém aparece. Estou dormindo com o portão aberto”, disse.
Segundo ele, representantes da Construtora Paulista SA chegaram a visitar sua casa, prometeram reparos, mas não retornaram. A situação se repete em outras residências vizinhas.
Uma delas, segundo a denúncia, teve a parede rachada. Ao procurar a empresa, o dono da casa teve como resposta o pedido para que enviasse uma foto, mas nenhuma providência foi tomada.
“Eles fazem o que querem. Trabalham domingo, começam com bate-estaca às sete da manhã. Ninguém da prefeitura fiscaliza. Nenhum órgão aparece”, reclamou.
Em apelos enviados à assistente social da prefeitura, o morador afirma não estar pedindo indenização, apenas que os reparos sejam feitos e sua casa volte ao estado em que estava antes da obra.
“Só quero entrar e sair da minha casa. Só quero que eles venham ajeitar meu portão e meu telhado. Não estou pedindo nada além do meu direito”, disse ele.
A reportagem da Folha de Alagoas entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) e aguarda o posicionamento.