O líder da oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), reagiu com palavras duras à decisão tomada nessa sexta-feira (20) pelo diretório nacional do PT de apoiar parlamentares pró-impeachment na disputa às presidências da Câmara e do Senado. Por 45 votos a 30, a cúpula autorizou o presidente do partido, Rui Falcão, a negociar com os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Jovair Arantes (PTB-GO), que concorrem na Câmara, e o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), candidato no Senado.
Em vídeo divulgado no Facebook, Lindbergh chamou de “escândalo” e “cretinice parlamentar” a decisão do diretório de participar de uma “chapa golpista” e conclamou a militância do PT e de esquerda a pressionar as bancadas do partido na Câmara e no Senado a desistirem da ideia. “É um escândalo, um erro brutal. Uma decisão descolada da realidade, sem consonância com a militância do partido e da esquerda em geral. É preciso muita pressão da militância para reverter esse absurdo”, criticou.
Caberá à bancada na Câmara decidir apoiar Jovair, que foi relator do impeachment, ou Rodrigo Maia, do DEM. O partido resolveu apresentar uma pauta de reivindicação aos candidatos sob o argumento de que a presença na Mesa é fundamental para não perder espaço político na condução da pauta do Congresso.
Na bancada do PT no Senado, Lindbergh e Gleisi Hoffmann (PR) são os únicos contrários à aliança com Eunício, até agora candidato único. O senador negocia com o PT a vaga para a primeira-secretaria, espécie de prefeitura da Casa. “Não vale a pena por um espaço pequeno ter um desgaste deste tamanho”, avalia. “Ninguém pensou na militância, na base o partido. Se tivessem escutado, 95% da base seriam contra apoiar Rodrigo Maia e Eunício Oliveira”, estimou.
O petista rebateu o argumento de que a presença na Mesa é importante para garantir espaço nas decisões da Casa: “Dizem que a Mesa define a pauta. É mentira. Quem define é o presidente, às vezes ouvindo o colégio de líderes”.
Citando Karl Marx e Rosa Luxemburgo, duas das principais referências da esquerda, Lindbergh não mediu palavras para atacar a decisão dos colegas. “É um cretinismo parlamentar. É quando um parlamentar de esquerda, que está no Parlamento há muito tempo, começa a achar que tudo é Parlamento, que o mundo é Parlamento. Fora, você tem movimentos sociais. Precisamos entrar 2017 com sangue nos olhos, pedindo diretas já, defendendo Lula”, reforçou.
Fonte: Congresso em foco