Como será que os brasileiros se comportam na internet quando o assunto é mobilidade urbana? O que pensam sobre trânsito, multas, velocidade, ciclovia, ciclofaixa, corredor de ônibus, Uber, táxi? A equipe do projeto Comunica Que Muda, da agência nova/sb, resolveu ir atrás dessas informações e elaborou um dossiê sobre o tema. São muitas reclamações do cidadão conectado, mas aparentemente pouca disposição de mudança. Um dos principais achados da análise é que quase 44% dos usuários que tocaram nos temas da mobilidaderechaçam o uso do transporte coletivo e incentivam o transporte individual. De cada dez comentários sobre o tema, seis são de alguém manifestando desejo de comprar um veículo.
O maior problema sobre o transporte público é o da Lotação dos Ônibus, mencionada por 58% dos internautas analisados. Já Acidentes é o tema mais mencionado nas redes, no que se refere a transporte individual (60%), seguido por Congestionamentos (quase 14%) e a chamada Indústria da Multa (9%). A punição por multas, aliás, é considerada algo positivo por 60% dos internautas.
Utilizando a plataforma de monitoramento Torabit, a equipe do Comunica Que Muda analisou exatas 397.932 menções nas principais redes sociais no período de 5 de agosto e 5 de outubro de 2016. Foram observadas postagens no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, Google+ e Medium; e também páginas de blogs e comentários de sites sobre os temas relacionados a transporte público, problemas estruturais, cultura do transporte individual, bicicletas e ciclovias, pedestres, entre outros.
“Trânsito lento, transporte público de péssima qualidade, ausência de formas alternativas de locomoção e falta de segurança estão entre os problemas enfrentados todos os dias por brasileiros, principalmente aqueles que vivem nas capitais e maiores centros urbanos. Com todos esses problemas, é fato que ainda há muito a avançar na mobilidade urbana. E para além das responsabilidades do poder público, desenvolvemos esse dossiê para entender como as pessoas encaram o problema e também para contribuir com a discussão sobre o assunto. E os números confirmam como a individualidade do transporte é ponto pacífico não só na cabeça do brasileiro, mas também em suas redes sociais”, afirma Bob Vieira da Costa, sócio-presidente da nova/sb.
De todo o universo qualificado, 43,7% das menções falaram em priorizar o transporte individual, em muitos casos exaltando o conforto/qualidade do automóvel e desqualificando as alternativas. O grupo de pessoas que mencionaram de forma positiva o transporte coletivo e suas alternativas somou 29,5%, porcentagem parecida com a das menções neutras (quando não há expressão de opinião sobre o assunto), com 26,8%. A diferença de 14 pontos percentuais entre os defensores do transporte individual e os advogados do coletivo/alternativo demonstra como o brasileiro tende a priorizar o transporte individual ao coletivo.
Dos temas mais falados sobre a cultura do transporte individual, o maior destaque é para o desejo do brasileiro por adquirir um veículo, ficando no topo dos assuntos mais falados, com 58,9% do universo de menções. Outro destaque do monitoramento é o medo do transporte individual, com 10,5% de pessoas que temem dirigir ou se tornar vítima de acidentes. Os outros temas tiveram opiniões divididas, com destaque para os 11,1% que citavam os serviços dos mototaxistas (seja de forma positiva, negativa ou neutra); também os 2,5% que citaram a perigosa combinação de bebida e direção. Pequenas em quantidade, mas notáveis por aparecerem no Brasil, do álcool, da gasolina e do diesel, são as menções aos carros elétricos, que somam 2,5%.
Tradição em estudos de interesse público – Este é o segundo grande estudo que a nova/sb prepara em 2016 observando o internauta brasileiro. No mês de agosto, foi lançado o Dossiê da Intolerância, um raio-x que mapeou o comportamento do cidadão conectado. Foi constatado no período que a intolerância de maior audiência no país é a política, com quase 220 mil menções; mais de quatro vezes superior à misoginia, que aparece em segundo lugar (50 mil menções); seguida por preconceitos relacionados a deficiência, aparência e raça. O Rio de Janeiro é o estado com maior volume de postagens intolerantes no país, seguido por São Paulo e Minas Gerais. Em termos relativos, na proporção com o número de habitantes, o Distrito Federal lidera o ranking.
Fonte: Ascom