O Brasil é um dos países que mais tem crianças em situação de vulnerabilidade ou para a adoção, resultado das desigualdades sociais que marcam a sociedade e aprofundam as mazelas. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), existem cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e 30.000 famílias na lista de espera.
Esse número alto de crianças e a conta que não diminui é resultado de uma série de fatores, entre eles o perfil das crianças disponíveis e o perfil que as famílias exigem muitas vezes são discrepantes. Além da burocracia que torna o processo mais devagar ainda tem o fator das crianças com irmãos ou irmãs, em geral os juizados dificilmente decidem pela separação. Sarah Lopes, psicóloga do Hapvida, explica sobre o perfil psicológico das crianças em abrigos ou orfanatos.
“Na maioria dos orfanatos não são disponibilizados acompanhamento psicológico para as crianças, geralmente, o acompanhamento é realizado por assistente social, ou ainda, quando esta criança entra em processo de adoção. Neste caso, uma avaliação da criança e dos candidatos a pais adotivos é realizada. Ainda assim, é notória a necessidade deste acompanhamento, levando em consideração, especialmente a condição de abandono que vivem essas crianças”, esclarece.
O perfil da procura ainda se mostra um dos problemas para a redução das crianças e jovens em orfanatos, entre as principais exigências a questão da idade ainda prevalece, onde as famílias preferem crianças pequenas ou bebês. “Algumas pessoas preferem bebês porque acreditam que os laços de afetividade são melhores constituídos nesta fase, porém, é um engano pensar dessa forma. Os laços afetivos podem ser construídos a qualquer tempo”, ressalta Sarah Lopes.
Após a adoção é necessário que os pais tomem alguns cuidados para o bem-estar da criança, o acompanhamento psicológico de pais e filhos se torna imprescindível. “O ideal, é que no período de adaptação os pais e a criança passem por um acompanhamento. Mesmo que seja para orientações em relação ao trato com a criança e a burocracia que envolve o processo. Alguns pais procuram por conta própria, outros, as instituições orientam e disponibilizam durante algum tempo”, elucida.
Em alguns casos o casal que resolve adotar já tem filhos biológicos ou passam a ter, nesses casos a especialista explica que é importante não fazer distinção no tratamento. “O segredo para essa inserção é agir da mesma forma com os dois. Não deve haver privilégios para nenhum. É comum em algumas famílias onde existem filhos adotados um excesso de mimos para compensar a adoção, mas este tipo de comportamento não deve existir nas famílias com nenhum dos filhos”, destaca.
Fonte: Ascom