Por Leonardo Ferreira
Um grupo de ex-moradores do Edifício Maria Cristina, localizado no bairro do Pinheiro, está indignado com os valores oferecidos pela Braskem como forma de indenização. Os proprietários dos apartamentos reclamam que a proposta não condiz com o valor do m², além da falta de negociação.
Dona de um apartamento, Aline Gomes afirma que o valor ofertado não contempla a realidade dos imóveis e é abaixo, inclusive, dos conjuntos habitacionais do entorno.
“O fato é que eles estão propondo um valor genérico, desconsiderando as benfeitorias realizadas nos imóveis, as quais eles relatam na propaganda que estão sendo levadas em consideração. Além do mais, estão indenizando somente a porção de m² dos apartamentos, desconsiderando a metragem das garagens, como consta na escritura dos imóveis”, disse à reportagem.
“É muito revoltante a nossa condição”, desabafou Aline, contando ainda que não há poder de negociação, no máximo um pedido de reanálise, que fica a critério da empresa.
Ela lembra que não está vendendo seu apartamento, mas sim buscando reparação pela desocupação, ou seja, a proposta deveria ser em caráter indenizatório. “Não tenho interesse de receber um valor como se eu tivesse vendendo meu imóvel com desconto.”
Recebendo auxílio-aluguel de R$ 1000, os moradores dizem que o valor é padrão e insuficiente para manter o perfil das famílias que ali residiam, com a boa localização e qualidade de vida que tinham no Pinheiro.
Também foi dito que, em contato com outras pessoas vítimas do afundamento e que deixaram suas residências, as indenizações no início foram justas, mas com o tempo a benevolência nas negociações foi deixada de lado. Agora, nem os laudos de avaliação dos imóveis são apresentados à população.
Na quarta-feira (10), a Braskem apresentou o balanço de fevereiro do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação. Conforme o texto, 650 propostas foram colocadas para as famílias atingidas, sendo mais 205 propostas entregues no início de março, totalizando, desde abril de 2020, 4.874 ofertas. Ainda de acordo com os dados, mais de R$ 576 milhões em indenizações e auxílios foram pagos para mais de três mil famílias, com aceitação de 99,8%.
Rota de Fuga
A Defesa Civil de Maceió está instalando placas informativas a respeito de rotas de fuga para caso seja necessário a evacuação rápida da região afetada pelo afundamento do solo. Em contato com a assessoria, a Defesa Civil informou que está atualizando o Plano de Contingência. “Nós estamos prestes a inaugurar o Centro de Acolhimento e Triagem e essas placas indicam o caminho mais rápido e seguro para se chegar a esse equipamento”.
Monitoramento
A Defesa Civil também informou que está instalando sismógrafos de profundidade para monitoramento do afundamento nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol. A região já conta com alguns equipamentos e até abril mais seis sismógrafos serão colocados em funcionamento.