Da Redação
As investigações do assassinato de Kleber Malaquias de Oliveira tomaram novos rumos nesta semana. Duas semanas após a saída do delegado-geral Paulo Cerqueira, a Polícia Civil deflagrou uma operação que resultou na prisão de três suspeitos de envolvimento na morte do empresário, ocorrida em julho de 2020. Dois deles são ex-militares e o outro é da ativa. Já existindo pistas, o mandante intelectual, porém, ainda não foi revelado.
Segundo os delegados Lucimério Campos e José Carlos, dois envolvidos, conhecidos de Kleber, levaram a vítima ao bar para uma suposta negociação de imóvel e, logo após, outros dois homens chegaram ao local e a execução foi realizada. “O vasto conteúdo das investigações traz elementos suficientes a subsidiar a representação pela prisão temporária dos investigados”, disse Lucimério.
Essas três pessoas detidas se juntam a outro suspeito, que já havia sido preso anteriormente. A Delegacia de Homicídios de Rio Largo contou com a cooperação da Polícia Federal para prosseguir com os trabalhos. A primeira fase a respeito dos autores materiais, por isso, está encerrada. “Foi um crime de mando e existe mandante, mas as provas ainda não são suficientes para prender quem mandou”, completou o delegado.
Conhecido por realizar denúncias de crimes políticos em Alagoas, Kleber chegou a relatar acusações contra políticos e membros do Poder Judiciário, os quais estariam por trás da tentativa de assassinato do juiz Marcelo Tadeu, em 2009, que ocasionou a morte, por engano, do advogado mineiro Nudson Harley.
No começo do mês, veio à tona que a Polícia Federal indiciou o agora ex-chefe da Polícia Civil de Alagoas, Paulo Cerqueira, como autor intelectual do atentado de 2009. O delegado negou participação, enquanto Marcelo Tadeu, em entrevista, disse que Cerqueira pode ter participado, mas existe um mandante graúdo. Sem estar surpreso, mas indignado, o juiz cobrou Cerqueira: “Diga para quem o senhor fez isso”, agradecendo à participação da PF, porque, se dependesse das autoridades locais, as investigações estariam paralisadas.
A tentativa de elucidação de mais um crime de pistolagem em solo alagoano surge exatamente logo depois que um indiciado, suspeito de autoria em transgressão do tipo, foi exonerado da direção da PC. Diante da troca inevitável, o caso começou a caminhar.
O próprio nome da operação desta semana, denominada “Sicários”, tendo em vista que não há dúvidas que se trata de um homicídio de cunho mercenário, em que pistoleiros são contratados por poderosos para matar opositores ou pessoas que atrapalhem os planos, suscita contradições entre o papel investigatório da polícia e quem estava no comando do órgão.
Dia da morte
Kleber Malaquias, 41, se encontrava no bar da Buchada, localizado na região da Mata do Rolo, no dia 15 de julho. No local, foi morto a tiros, sendo que um atingiu a região da nuca. O corpo foi encontrado dentro do banheiro do bar, onde a polícia achou munições de calibre .40 deflagradas.
Os suspeitos dos disparos fugiram num carro Gol, de cor preta, e os falsos amigos chegaram a simular socorro e depois também se evadiram em outro veículo, como revelou as filmagens divulgadas pela polícia na quarta-feira (20). O empresário sempre relatava ameaças e, em 2019, chegou a registrar um Boletim de Ocorrência por ter acesso a mensagens que juravam sua morte, concretizada um ano depois.